A Expresso Valônia, responsável pelo transporte coletivo em Itajubá, começou a demitir funcionários nesta segunda-feira (1º). Pelo menos dez trabalhadores já foram dispensados pela empresa e esse número pode chegar a 50, segundo o Sindicato de Transportes Rodoviários de Passageiros do Sul de Minas.
Em janeiro deste ano, os funcionários da Expresso Valônia chegaram a cogitar uma greve por falta de pagamento. A empresa se negava a pagar a metade dos salários aos trabalhadores que estavam em jornada reduzida no auxílio do Governo Federal, feito por conta da pandemia de covid-19 e encerrado no início do ano.
O sindicato da categoria acionou a justiça para que os trabalhadores recebam a remuneração. De acordo com Jurandir de Oliveira, presidente do órgão, no dia 22 de fevereiro haverá uma audiência para resolver essa situação.
Outra questão pontuada por Oliveira, é a preocupação com a possibilidade de haver acúmulo de função para os trabalhadores ainda empregados e estes serem sobrecarregados com jornadas abusivas. Para ele, as demissões sinalizam que as linhas podem não voltar a operar em sua totalidade na cidade, prejudicando a população, principalmente da zona rural.
“A população tem que saber disso, mandando esse monte de motoristas embora fica difícil voltar 100% dos ônibus. A prefeitura precisa também tomar uma atitude. Agora é hora da comissão pegar firme e ajudar a comunidade”, diz o sindicalista.
No dia 13 de janeiro o sindicato chegou a protocolar na prefeitura um ofício pedindo mais linhas nos horários com mais passageiros, para garantir a segurança dos funcionários em meio à pandemia de covid-19. Porém, a administração municipal não respondeu ao documento.
Na sessão ordinária desta segunda-feira (2) na Câmara Municipal de Itajubá, os vereadores do mandato coletivo Nossa Voz (PT) enviaram um requerimento à prefeitura pedindo informações sobre a situação financeira da empresa, que alega passar por dificuldades econômicas com a pandemia de covid-19.
Após pressão dos parlamentares, a prefeitura anunciou na última quinta-feira (28), uma comissão para fiscalizar a prestação do serviço de transporte público no município. A comissão, formada por servidores públicos, irá, em tese, analisar todos os detalhes do contrato com a empresa Expresso Valônia e sanar as demandas da população.
Segundo informações recebidas pela Rádio Itajubá, o dono da Expresso Valônia fez uma reunião com o prefeito Christian Gonçalves (DEM) na semana passada, porém nem a prefeitura nem a empresa divulgaram o assunto tratado na reunião.
CRISE FINANCEIRA EM MEIO À PANDEMIA
Em maio de 2020 o gerente da Expresso Valônia, Romeu Fiuza, em conversa com o nosso jornalismo afirmou que a empresa poderia parar de rodar por problemas financeiros. O motivo seria a queda de 90% do faturamento por conta da pandemia do novo coronavírus.
Na época, Fiúza disse que a empresa estava com poucos recursos e fazia esforço para manter os 150 funcionários.
A Rádio Itajubá tentou contato com a empresa para saber seu posicionamento sobre as demissões e a retomada das linhas, mas até o fechamento desta matéria não obteve retorno.