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A possibilidade de exploração dos minérios conhecidos como “terras raras” na área de um vulcão extinto há 120 milhões de anos no Sul de Minas Gerais tem potencial para colocar o Brasil na posição de protagonista da transição energética. Este tipo de material ganhou importância estratégica em todo o mundo e virou, inclusive, alvo de disputas comerciais entre China e Estados Unidos.
O Brasil tem a segunda maior reserva de “terras raras” do mundo, com 21 milhões de toneladas, o equivalente a 23% do total global, segundo o Ministério de Minas e Energia (MME). Projetos de extração desses minérios já estão em andamento em Goiás e Minas Gerais, mas há jazidas também no Amazonas, Rio de Janeiro, São Paulo e Roraima.
O depósito de “terras raras” formado sobre a cratera do vulcão extinto no Sul de Minas Gerais se destaca pela extensão e alta concentração de minério. Ele também possui facilidades de extração não encontradas em outros locais do mundo, sendo considerada por algumas empresas de mineração “um unicórnio” – termo utilizado para ilustrar a sua raridade e a sua singularidade.
🌋A origem desse potencial todo é a rocha formada na época ativa do vulcão, que é alcalina — um tipo mais frágil e mais suscetível às ações do tempo, que ao longo de milhões de anos, se transformou em argila rica em íons de “terras raras”.
A cratera de Poços de Caldas é a segunda maior ocorrência de rocha alcalina do mundo. Fica atrás apenas de uma jazida na Sibéria, mas que não tem as condições de clima e temperatura necessárias para a formação de argila iônica.
A região também se destaca pela qualidade do minério. Enquanto a média global de “terras raras” na argila é de 1 mil ppm a 1,5 mil ppm (partes por milhão) por tonelada de óxidos de “terras raras” totais (TREO), na caldeira de Poços de Caldas este índice é 2,5 mil ppm/t, com um aproveitamento de 70% na sua separação do minério, contra 40% da média global.
A jazida da caldeira de Poços foi identificada em 2012 e comprovada por testes realizados em laboratórios do Rio de Janeiro e do Canadá, mas apenas em 2022 duas empresas australianas avançaram nos estudos e processo de licenciamento necessários para a extração dos minérios, que deve ter início entre 2026 e 2027.
As estimativas acima, de acordo com essas empresas, correspondem apenas aos projetos iniciais de exploração. Os estudos foram feitos somente em 15% de toda a extensão da cratera e identificaram 2 bilhões de toneladas de argila com íons de “terras raras”, o que garante 20 anos de mineração. Considerando as áreas ainda não estudadas, estima-se que essa quantidade pode chegar a 10 bilhões de toneladas.
Além da exploração, o Brasil enfrenta o desafio da comercialização. Existe um esforço para manter os elementos de “terras raras” no país e ajudar a criar uma cadeia produtiva nacional, algo inédito fora da China, para a transição energética e desenvolver uma indústria de transformação integrada.
O país asiático lidera a exploração de “terras raras” desde os anos 1990, quando tirou a hegemonia dos Estados Unidos, e, atualmente, detém quase 75% da mineração de “terras raras”, 85% do processo de refino e 95% da produção de ímãs no mundo.
Em outra frente para este tipo de exploração mineral, o governo pretende criar uma cadeia completa de produção de ímãs de Neodímio, Ferro e Boro (NdFeB). O plano inclui desde a extração e beneficiamento mineral até a fabricação e reciclagem, com aplicações estratégicas nos setores automotivo, de energia renovável e eletrônico.
Para isso, foi inaugurado em maio um laboratório em Lagoa Santa (MG), o CIT SENAI ITR, com capacidade para produzir até 100 toneladas de ímãs por ano para projetos de pesquisa e inovação em parceria com empresas. No início da operação, a matéria-prima virá da China, mas o objetivo é que passe a utilizar o minério brasileiro.
Fonte: g1.com